O coordenador autárquico do PS, Jorge Coelho, admitiu na semana passada a A CAPITAL que o PS pode vir a sofrer os custos das eleições autárquicas devido às medidas do Governo. O PS não tem candidato presidencial. O PS está a descer nas sondagens, ou seja, nos próximos tempos, o engenheiro José Sócrates vai ter de habituar-se ao peso da derrota e ao descontentamento da opinião pública, depois de ter vencido o PS e o país com todas as facilidades.
A vida de José Sócrates vai agora começar a complicar-se. E o truque de estar ausente também vai deixar de resultar porque é inevitável começar a dar explicações aos portugueses. O Governo avançou com dezenas de medidas mas não as explicou, como se ninguém fosse afectado por elas e todos tivessem de partilhar as certezas absolutas e a arrogância do primeiro-ministro.
O PS nas eleições autárquicas tem cometido erros graves que possivelmente pode pagar caro. Manuel Maria Carrilho, por exemplo, conseguiu em poucas semanas que os lisboetas se esquecessem do vazio e dos disparates cometidos nos últimos quatro anos. Carrilho conseguiu ainda melhor: colocar Carmona Rodrigues à frente nas sondagens. Coelho e Sócrates tiveram mesmo de intervir na estratégia eleitoral do ex-ministro da Cultura. Um homem das elites que quer uma Lisboa elítica e, com isso, ignora os problemas sociais foi o suficiente para o partido perceber que era inevitável uma paragem para balanço. Como sempre, o homem do «aparelho» socialista lá estava, obrigando Carrilho a redefinir toda a campanha.
Porém, também nas presidenciais ninguém no PS tem a mínima ideia de quem possa ser o candidato da área socialista, o que quer dizer que se Cavaco decidir avançar - como é quase certo - o PS vai limitar-se apenas a aceitar e a conformar-se com o resultado. Por estas e por outras, o mais certo é o PS perder as autárquicas e as presidenciais e se o Dr. Mário Soares estiver certo, o Governo arrisca-se a não chegar ao fim do mandato.
Jorge Coelho tem, há muito tempo, um papel fundamental no PS. Merece, por isso, uma nota positiva, não só no partido como no seio dos opinionmakers. Contudo, tem a responsabilidade de apaziguar conflitos entre estruturas locais e candidaturas autárquicas. Tem nas suas mãos a difícil tarefa de dar contas a José Sócrates sobre o partido. Não pode, por isso, deixar que militantes «arrogantes» como Manuel Maria Carrilho dividam o partido. Lições de moral na política todos o sabem fazer. Jorge Coelho não as dá. Nem perde tempo em discursos demagógicos. Executa e reprime estratégias erradas. É disso que todos os políticos que se deixam levar pela sede de poder precisam: de um Jorge Coelho em todos os partidos!
P.S. - Antes que me acusem de qualquer tipo de veia partidária, quero desde já esclarecer, que não me reflicto em quaisquer força política portuguesa. Tenho a minha identificação ideológica, é certo. Ainda assim, tenho obrigação, enquanto jornalista que lida com a política, de ter opinião sobre os agentes que nela se movem. É justo, na minha opinião, salientar o bom e o mau da política em Portugal. Espero comentários e discussão.
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