Independentemente da condição médica, que nunca será famosa, se sobreviver, Ariel Sharon encerrou o seu ciclo como político, PM e líder de um novo partido. É uma tristeza, que parece irreal, mas num dia Sharon passou de uma situação de pujança física e política para a condição de paciente em estado crítico, com as suas faculdades cognitivas seriamente afectadas, e sem que ninguém garanta que vai escapar a mais este desafio, o mais difícil da sua vida.
Sharon é uma personalidade invulgar, diga-se. Foi um dos melhores, talvez e melhor, general israelita, duro, agressivo e fiel seguidor de uma estratégia militar ofensiva – com isso conseguiu inverter, no último minuto, a derrota quase certa na guerra de Yom Kippur – e como político seguiu sempre essa linha: primeiro atacar, para depois conciliar.
Mas como um bom general, que tem de se adaptar à conjuntura e ao momento, Sharon foi implacável com Arafat, e a sua incapacidade de conter os extremistas, mas teve a lucidez de abrandar e conciliar, fazendo o que nunca ninguém tinha conseguido, como sair de Gaza e dialogar seriamente com a Palestina, no momento em que Abbas chegou ao poder. Tanto acreditou nisso que resolver fundar um novo partido, sem amarras ideológicas nem restrições políticas.
Infelizmente não completou esse ciclo. Pouco homens foram tão directos, pragmáticos e claros como Sharon, e isso deu frutos. Falta saber, agora, como vai ser Israel com a incapacidade ou morte deste homem. Do homem...que nasceu na Palestina!
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