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domingo, janeiro 08, 2006

A lamúria eleitoral!

Já se sabia que iria aparecer em força, só não se sabia bem quando. À medida que se aproxima a fase decisiva desta campanha para as eleições presidenciais de 22 de Janeiro, aumenta a lamúria eleitoral contra os jornalistas e os órgãos de comunicação social em geral.
O «complexo do Calimero» apodera-se dos candidatos, das candidaturas e dos apoiantes. Mas não se resume apenas a meras «queixinhas» de candidato desapontado. Atinge, em alguns casos, foros de tentativas de pressão injustificadas. Atitudes de desespero com objectivos claros e definidos, que são inadmissíveis em democracia. Cavaco queixa-se de ser tratado de forma mais exigente que os restantes candidatos; Soares diz que é prejudicado sistematicamente pelas reportagens exibidas, emitidas e escritas; Alegre garante que tem pouco tempo de antena em comparação com os restantes candidatos; Jerónimo jura que é tratado de forma preconceituosa; e até Francisco Louçã acredita que muitas vezes é prejudicado por alguns órgãos de comunicação social. Declarações avulsas, extensivas a todas as candidaturas, proferidas de forma leviana sem provas que as justifiquem. Caso contrário haveria queixas oficiais e denúncias públicas de casos concretos. Mas não há. Muito fumo e pouco fogo é o que se vê. O que é que impede os candidatos de aproveitarem a campanha eleitoral para denunciarem casos concretos? Situações? Nomes de pessoas e de órgãos de comunicação social? Uma única razão: os portugueses têm olhos e ouvidos e não se deixam enganar facilmente. Compreendem que estas queixas são motivadas apenas por uma razão: os candidatos não gostam de ser confrontados e contraditados. Queriam ter tempo de antena para dizerem o que entendessem, sempre que entendessem, sem o estorvo e o incómodo das perguntas. Mas felizmente que a democracia não funciona assim. As tentativas de pressão vão suceder-se, cada vez mais e de forma mais intensa. A verdade é que a maior parte dos jornalistas que por aqui anda na campanha é gente experiente e de qualidade comprovada. Que não se intimida com pressões e ameaças, a lembrar outros tempos. Que já palmilhou muito quilómetro atrás de muitos outros candidatos. Que já leva muitas campanhas no «lombo». E que sabe que esta vai acabar da mesma maneira de sempre. Com os eleitores a escolherem o candidato que melhor convencer a maioria. E com os restantes candidatos a voltarem à vida normal e a chamarem novamente os jornalistas, os mesmos de que não gostam, assim que lhes for conveniente.

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