Os números das sondagens dizem-nos que Mário Soares teve uma ligeira vantagem sobre Cavaco Silva no debate para as presidenciais, realizado esta terça-feira. Porém, essa vantagem é de dois por cento, e como a margem de erro é superior a este número, temos de falar num empate técnico. Por outro lado, e como tem vindo a acontecer nestas semanas, houve mais pessoas que não viram o frente-a-frente do que as que a ele assistiram. Mesmo tendo sido um debate crucial despertou pouca curiosidade.
Mário Soares fez o que lhe competia. Desde o princípio ao fim, adoptou uma atitude de ataque extremamente agressiva, umas vezes ideológico, outras a nível pessoal, e foi aí que Soares pecou mais.
Deveria ter sido mais rico nas críticas ideológicas e políticas e mais contido nas pessoais, como a que fez dizendo que Cavaco não lia livros, mas sim dossiês, ou sobre as histórias sobre o seu adversário nos conselhos europeus, que não diria em público, mas sugeriu.
Quanto a Cavaco, poderia ter feito mais para explicar algumas decisões políticas e económicas importantes durante os seus mandatos como primeiro-ministro, e nesse aspecto esteve algo retraído, talvez por ter dito que queria falar mais sobre o futuro que sobre o passado. A verdade é que, no momento em que foi atacado quanto ao passado, tinha a obrigação de responder. Mário Soares terá feito, provavelmente, o último grande debate político da sua vida, daí se explique a agressividade que utilizou.
Por fim, a queixa que Manuel Alegre fez ao serviço público da RTP, em relação ao debate realizado a seguir com representantes dos quatro partidos que apoiam as candidaturas, excepto a dele, que ficou sem possibilidade de defesa. É uma observação que faz todo o sentido, pois se a RTP queria efectuar um debate com representantes das candidaturas teria, obviamente, que incluir a de Alegre.
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