Quando a bomba rebentou, na noite de quinta-feira passada, estava a ouvir António Borges, na Grande Entrevista, na RTP, e, à medida que o economista falava descortinava-se que algo, nessa noite, iria acontecer. Uma única frase: Manuela tem o meu apoio. Na redacção aquela simples frase passou despercebida, mas uma hora depois, todos viriam a recordá-la e a encaixar o jogo. À mesma hora, Luís Filipe Menezes, devia estar na Sic Notícia, a ser interrogado por Mário Crespo, mas uma Comissão Política, marcada, de urgência, obrigava o líder a antecipar, naquela noite, o sabor amargo que fez sentir a Marques Mendes em Setembro do ano passado.
Não vale a pena recordar o que deste então se passou até hoje. A panóplia de putativos candidatos é a mesma e a de sempre. A única coisa que, a um ano das legislativas, vale a pena fazer é olhar para o espectro político da direita portuguesa e encontrar respostas.
O PSD é um partido de quadros e do arco da governação. Não podia deixar-se cair a este ponto. Desde a herança Barroso que cada batalha e guerra interna foram afundando o partido do Sá Carneirismo. Mas a verdade é que, de populismo em populismo, com um interregno de Mendismo enlatado pelo meio, o partido partiu-se. Não ao meio, mas em fatias quase inquebráveis se recuarmos 10 anos no tempo.
Nem Manuela, nem Marcelo nem Rui Rio nem sequer António Borges poder ser o D. Sebastião que o PSD precisa. Configuram apenas os possíveis no momento. De todos eles só Marcelo poderia congregar todo o PSD — bases e elites — e complicar a vida ao PS e a Sócrates nas urnas. Mas «Cristo já não desce à Terra» e Marcelo quer outro voo: o presidencial.
De Borges, as dúvidas não existem. Ele sabe que nem o País nem o partido tem com ele. Já Manuela só poderia admitir tal cenário por um milagre, milagre esse que está nas mãos de um homem: Cavaco. O Presidente diz que está acima das crises dos partidos, mas em privado tem opinião e dá-la-á a Manuela se esta lha pedir. E se não chegar a tal, de Belém sairão sopros para os ouvidos da «dama de ferro» feita senhora nos tempos do cavaquismo.
Rio é um ganhador. E sabe que em 2013 ainda há tempo. Os restos dos ossos já estão róidos. A «má moeda» Santana está prestes a ser expulsa. E só o milagre da recandidatura de Menezes e a desistência de um candidato de eleite o fará sobreviver.
E é este o PSD que temos, à deriva e sem caminho. Um PSD que só viveu em paz em dois períodos da sua história: com Sá Carneiro e Cavaco. E é talvez nas mãos deste último que se encontra a derreira solução para salvar o PSD do chão. Os próximos dias serão decisivos. O País não está suspenso como em tempos idos porque a política já não é hoje a mesma de há 20 ou 10 anos. É pena. Porque um País em depressão e que depende da política devia interessar-me por algo que mexe com a sua vida. Em (quase) todos os aspectos.
Bjs e abraços para todos.
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