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sábado, julho 30, 2005

Até Sempre!

Até Sempre!

No momento em que escrevo é estranho o sentimento que me rodeia. Não é humanamente possível descrever a tristeza e a mágoa que invade todos os que, com empenho, dedicação e profissionalismo, se entregaram a este jornal.
Há um ano, quando cheguei a A Capital, encontrei uma família. Uma família que partilhava os mesmos valores com que sempre enfrentei o Jornalismo: uma profissão de causas que diariamente tudo fazia para levar até si, caro leitor, a notícia. Orgulho-me de ter pertencido a esta equipa. Porque tive a oportunidade iniciar um sonho. Um sonho que concretizei num país onde são inférteis as possibilidades de poder exercer esta profissão e onde a supremacia do poder económico engole quase sempre os mais fracos.
A suspensão de a A Capital não é o fim. O fim é a “derrota”. E “derrota” é palavra que não cabe no espírito desta redacção. Amanhã [hoje] inicia-se um novo ciclo para cada um de nós. Neste futuro que agora começa tem necessariamente de existir esperança. Devemos isso a nós próprios. Devemos isso, sobretudo, ao Jornalismo. Temos de acreditar que o dia 29 de Julho de 2005 não significa um “adeus” ao Jornalismo. Significa apenas um Até Já. Até já Bruno Silva. Até Já Mariana Adam. Até Já Luís Claro. Até Sempre Capital.

Nota: Escrevi este texto na última edição da Capital. Depois de um dia difícil, consegui, impossivelmente, trabalhar. O suro golpe que me atingiu ainda está a ser digerido. Não penso no futuro. Isso, agora, não é o mais importante. Perante o sentimento de ver um jornal fechar jamais o resto importa. Um dia...ainda hei-de partilhar com vocês a dura sensação pela qual nunca pensei passar tão cedo...

Beijinhos para todos.
Ana Clara

1 comentário:

Joao Damasceno disse...

Miga Ana, eu bem sei o que estás a passar...não sei se sabes, mas aconteceu a mesma coisa comigo, com a Vera... O jornal onde eu e a Vera "começamos" no jornalismo a sério, também fechou por motivos económicos...o mais grave, só esteve três meses nas bancas...também quando recebemos a notícia que o jornal não ia mais para as bancas, foi complicado...
Estou solidário com voçês todos...eu apesar de ter tido uma passagem tão pequena pelo jornalismo, embora os meus caminhos agora estejam noutro lado...ainda espero vir a exercer o jornalismo...é um sonho que não vou por de parte...foi para isso que eu estudei 5 anos...
beijinhos...e muita força agora...